Vale Quanto?

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“Quanto vale uma vida?”

Pergunta proferida por um professor de direito aos seus alunos na universidade norteada pela premissa de que, “O objetivo não é ser justo, é terminar e seguir adiante”.

Quanto Vale? filme da Netflix que trata de fatos vividos por este renomado advogado a partir do atentado às Torres Gêmeas em Nova York em 11 de setembro de 2001. Fato este que abalou o mundo todo e que até hoje deixou suas marcas e cicatrizes abertas na sociedade.

Após os ataques de 11 de setembro, um advogado enfrenta uma batalha ferrenha para criar um fundo de compensação pelas vidas perdidas. Baseado em fatos reais.

Estrelando:Michael Keaton,Stanley Tucci,Amy Ryan

O desenrolar da história é bastante interessante e complexa, não só pelos desafios que o advogado e seu time de profissionais enfrentaram para desenvolver e cumprir com a adesão ao Fundo de Compensação das Vítimas do atentado, mas também, pelas adversidades, eventos não previstos e agendas ocultas para que pudessem ser exitosos em seu desafio. Importante salientar que, tratava-se do primeiro fundo com este escopo na história dos USA.

Aquele profissional assumiu que, o trabalho seria simples e rápido, era uma questão de aplicar uma fórmula para a valoração de uma vida e replicar para o grupo. Porém, assim como inicialmente aconteceu com ele, e com muitas pessoas no dia a dia e nas organizações, havia uma dissonância entre a sua percepção e a realidade. Houve profunda desconsideração às pessoas na sua individualidade e de vários interlocutores no processo. 

Da mesma forma muitas vezes, negligenciamos ou não temos total conhecimento do número de pessoas, comunidades e grupos, impactados, diretamente ou indiretamente, pelas decisões e ações desencadeadas no nosso planejamento além dos impactos no meio ambiente e comunidades internas e estendidas do nosso negócio.

Dada a situação altamente complexa, o grupo teve que entender as particularidades e buscar envolvimento mútuo para que pudessem atingir, cada qual, os objetivos. 

O advogado e seu grupo, tiveram que repensar postura e preceitos assumidos, ampliar o escopo de audição, consideração, desapegar-se de verdades, buscar alianças com os, até então, considerados opositores. Desenvolveram um trabalho considerando uma matriz de convergência dos impactados diretamente e indiretamente pelo trágico evento.

A criação do novo imaginário só foi possível quando houve o perfeito entendimento de consideração e inclusão de todos, ninguém ficou de fora. 

Da mesma forma, no ambiente de trabalho, acabamos de assumir premissas, verdades, visões que acabam por limitar a possibilidade de criação do novo, da inovação e agregar aspectos, até então não considerados. Muitas vezes não sabemos o que não sabemos. Muitas vezes os impactos das decisões são pequenos e outras vezes não.

Quanto vale uma vida? 

Quanto vale a ampliação do escopo de visão do negócio em novas oportunidades até então não consideradas? 

Quantas são as comunidades estendidas que desconhecemos na dinâmica do nosso negócio?

Qual o real impacto de nossas ações nos sistemas biológico, humano e técnico já que, estão intrinsicamente ligados?

Com todos estes questionamentos, vale a pena perguntarmo-nos em que medida atendemos os seguintes quesitos para a plenitude de nossos objetivos e perpetuidade de nossas ações: 

  1. Há harmonia justa e perfeita? Nosso compromisso estético vai até que perímetro em nossa dinâmica de negócios?
  2. Somos éticos nas ações e na prática do bem para com todos os envolvidos?
  3. Atendemos os usos e costumes dos indivíduos e da sociedade?
  4. Somos equilibrados nos direitos e responsabilidades?
  5. Nossas ações estão em sintonia com a essência de nosso propósito? Executamos o que pregamos? Qual o nível de dissonância?
  6. As ações e práticas são para o bem de todos os envolvidos na cadeia de valor, comunidades internas e estendidas?
  7. Há geração de riqueza?

Por fim, caso saibamos onde nos encontramos nesta dinâmica e em que patamar, o desafio é saber o que temos que desaprender para criar um novo imaginário e qual o esforço que teremos de fazer para atingi-lo considerando a nossa estratégia, nossas pessoas e a nossa cultura organizacional.

A frase clássica e de referência do renomado advogado era que, “O objetivo não é ser justo, é terminar e seguir adiante”.

Somente abandonando esta premissa e ampliando sua visão do processo e dos envolvidos, ele e seu time foram exitosos em seus desafios e estruturaram uma dinâmica justa e perfeita que reverberou em muitos outros casos nos USA.

Não basta fazer, há de se fazer a coisa certa.

Renato Secco